sábado, 10 de outubro de 2009

Um pouco de cada coisa: Freud, Antunes, Torres e devaneios

Nas últimas horas acabei de ler, grifar e rabiscar mais criteriosamente Escritores criativos e devaneios, de Freud, artigo que tem o seu interesse principal no exame das fantasias. Uma leitura agora comprometida com a minha pesquisa que envolve diretamente as narrativas, as histórias e os personagens criteriosamente construídos pelos escritores António Lobo Antunes e António Torres. Enquanto lia o artigo, por vezes as lembranças corriam, buscavam e traziam alguns instantes e perfis característicos de seus narradores, personagens, enquanto tudo e todos se entrelaçavam.

(Não digo aqui de pegar a teoria e empurrá-la na ficção ou pegar página por página de um romance com a pretensão de encaixá-las dentro de alguma teoria de maneira quase sufocada. Não digo também em desconsiderar a voz do narrador e se apegar no escritor desde a sua experiência de quando criança e fazer uma leitura, uma interpretação, uma análise, um texto, tudo no mundo da criança, seu imaginário, causas e efeitos. Por que digo isso? Pelos diversos pontos de vista defendidos com a segurança peculiar de estudiosos e linhas específicas. Portanto, quero antes ler, degustar, deleitar-me com tantos romances que têm o poder de pegar o leitor e levá-lo a percorrer caminhos enquanto tudo parece ser mais real do que a própria realidade do que foi. E já não há mais ficção, pois os personagem renascem e se fazem vivos em cada página. Leio assim os romances de A. L. Antunes. Divagações minhas? Mas divagações são lugares, também, de descobertas, percepções, insight, conhecimento, aprendizagem. Já vou fechar o estado de parênteses).

Preparei um Fichamento e reli partes: Freud levanta o seguinte questionamento no texto em referência: Será que deveríamos procurar já na infância os primeiros traços de atividade imaginativa? Em belas imagens e reflexões ele faz compreender não ainda com respostas diretas, mas como novos questionamentos que, na verdade, são respostas concretas: ao brincar, a criança não se comporta como um escritor criativo, quando ela cria um mundo próprio ao reajustar os elementos de maneira que lhe agrade? A criança distingue brincadeira e realidade, e gosta de associar seus objetos e situações imaginados às coisas visíveis e tangíveis do mundo real. Essa conexão é tudo o que diferencia o ‘brincar’ infantil do ‘fantasiar’.

Assim como a criança que brinca, o escritor criativo cria um mundo de fantasia que ele leva muito a sério. Ele investe um alto volume de emoção nesse mundo, mas o mantém em uma clara separação da realidade. A linguagem preservou essa relação entre o brincar infantil e a criação poética. A técnica da arte do escritor tem influências da irrealidade do seu mundo imaginativo, pois, muita coisa que, se fosse real, não causaria prazer, pode proporcioná-lo como jogo de fantasia, e muitos excitamentos que em si são realmente penosos, podem tornar-se uma fonte de prazer para os ouvintes e espectadores na representação da obra de um escritor.

E hoje adquiri a Revista Visão (www.visão.pt Nº 866 de 8 a 14 de Outubro 2009), que traz uma entrevista com o escritor António Lobo Antunes, concedida a Sara Belo Luís e com expressivas fotografias feitas por Gonçalo Rosa da Silva. Texto de capa: No mundo de Lobo Antunes – Fomos a casa do escritor. E falamos do novo livro, do amor, do poder, do papel da arte e dos seus autores favoritos. Título da entrevista: ´Os meus livros não vão morrer´.

Hoje fico por aqui, quero calmamente ler a entrevista.

Um comentário:

  1. Amado escritor Ismar.
    Adoro ler seus contos, versos, poesias, enfim tudo o que escreves.
    É bom te ter aqui! Dentro do meu mundo.
    Beijos fofos e desejos de muitos sucessos.
    Iran - Brasil

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