domingo, 6 de dezembro de 2009

Fotografias coloridas e mais nada

Ninguém conseguiu dizer mais nada depois que a música acabou.
Todos ficaram emudecidos com uma espécie de punhal melancólico
ardendo com as recordações que bailavam
como folhas amareladas
já enfraquecidas e arrancadas pelos ventos dos belos e nostálgicos dias de outono.

Ninguém conseguiu dizer mais nada.
E a música parecia ecoar ainda mais alta no silêncio atordoado
com a voz intensa entre graves e agudos penetrando
na alma,
os acordes pareciam ninar sem conseguir acalentar
as nostálgicas imagens das recordações gravadas em fotografias espalhadas pelas paredes,
gavetas
porta-retratos enfeitando densamente as peças com jarros e flores de brilhos empalidecidos.

Ninguém conseguiu dizer mais nada,
e sufocavam-se em suas respirações ofegantes,
abafadas,
todos sentados nos mesmos lugares,
parados,
estáticos como as fotografias coloridas
e mais nada.

Lisboa, 06 de Dezembro de 2009.

Um comentário:

  1. Em um so folego foi escrito? e com um sopro saiu tudo isto? grandioso!
    Vaninha.

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