domingo, 28 de novembro de 2010

E quando


E quando as horas, e quando os instantes, e quando, e quando nada, e quando tantas coisas espalhadas pelos cantos depois do silêncio, e quando as imprecisões, e quando a rouquidão das palavras impactadas do outro lado, e quando as emoções do instante inesperado e forte, e nada mais do que a intensidade do convívio passageiro, marcado pelo diálogo quase sem palavras e depois muito mais que os diálogos de palavras, espalhadas pelas salas e quartos de janelas e portas fechadas lacrando o imenso frio lá fora, e quando, e quando, e quando na pele empalidecida da cabeça aos pés, avermelhada a pele, e quando, e quando todas as surpresas espalhadas por todos os lados, todos, e quando tudo se faz efêmero, e quando exclamações se o momento se torna irresistível, a entrega, e quando e quando o horizonte amplo demais, depois tão pequeno o horizonte e outra vez imenso depois de tantas coisas recolhidas, e o ar turvo, as janelas embaçadas e o tempo já não era tão frio lá fora, lá fora depois o rio imenso e as águas límpidas outra vez.

9 comentários:

  1. Meu amigo,

    Acabei de ler, pude vivenciar cada palavra me deliciando em imagens que parecem cópias perfeitas dessa descrição...todo esse silêncio marcado por tanta intensidade e tanta emoção...minha eterna busca...
    Não resisti, fui as lágrimas...saudades...

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  2. Cara você escreve muito bem, de dar tensão enquanto a gente lê e respira, muito forte a sua escrita. PP

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  3. Palavras penetrantes que sufocam, emocionam e deixa uma suave brisa preencher o coração.

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  4. Ao ler procurei visualizar cada detalhe daquilo q vc escreveu, mas dava tb uma ansiedade de saber logo o que vinha após cada detalhe. Li e li várias vezes o texto que apresenta uma complexidade e ao mesmo tempo simplicidade misturada com ansiedade.
    Muito interessante.

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  5. E quando a gente lembra que a vida é tão efêmera...e ao mesmo tempo tão bela. É isso, Ismar que a sua escrita maravilhosa faz a gente perceber...que a vida tem que ser vivida da maneira mais intensa possível...Parabéns pelo texto!!!
    Bjs, Cláudia.

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  6. Cara você escreve tão bem! Entrei na onda desse texto e tive a minha respiração sufocada de tanto prazer. Fiz a minha viagem e fiquei parado depois que li. Parabéns e vou estar sempre aqui lendo o que você escreve.

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  7. Amigo amado e também querido professor Ismar,

    "Se me fosse dado um dia, outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. Seguiria sempre em frente e iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas..."
    Ao ler suas belíssimas palavras fui arrebatada pelo sentimento da saudade e deparei-me com essas palavras de Mario Quintana em minhas lembranças. Hoje eu sei como foi importante tê-lo como meu mestre. O que faço em sala de aula, o que compartilho com meus alunos, aprendi, também com você.
    Como é bom e encantador ler o que você escreve, porque nos sentimos parte dos seus escritos, abençoados com cada palavra e envolvidos nos seus sentimentos.
    Leve sempre contigo meu abraço forte, cheio de saudades e um coração grato por ter aprendido a enxergar "a vida" com você.
    Parabéns pelo dom de brincar com as palavras!
    Beijos fofos,
    Iranildes Damasceno (Irã)

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  8. E quando? ...preocupar-se com o quando é inquietação de poeta! Quando neste mundo, quando? Bem como o onde, que menos preocupa por estarmos - nós - aqui. O quando é pertubador... Sei onde estou, contudo não sei o quando. Talvez, apenas o "quem?" seja pergunta que me traga tamanha (ou igual) perturbação.

    Sempre bom te ler, meu amigo de letras precisas!

    Luiz Felipe

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  9. Lindo texto que nao so fala a alma mas, tambem, das inquietacoes da alma.

    Vaninha.

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