"[...] a mala se esvaziando, a mala se esvaziando, veementemente se esvaziando, sem nem mesmo alguma peça de roupa ter sido, pelo menos, dobrada e guardada dentro dela. A mala ainda vazia, completamente vazia, e já se esvaziando, se esvaziando, o fundo, o fundo da mala tão escuro de tamanha profundidade, e totalmente escancarado para o nada. Nada ali dentro da mala que seria tão pequena para o tanto a ser transportado, e o denso cheiro de vazio dentro da sua imensidão."
sábado, 29 de janeiro de 2011
De repente a avenida
De repente as avenidas se encolhem, quando as imagens se tornam íntimas e o olhar já não é desconhecido, penetrante no desejo de lá e de cá, dois lados quase invisíveis são os receios que quase já não existem e não mais a expectativa guardada para o presente instante, de desde ontem, bem antes de ontem aguardado.
De repente os passeios das avenidas se estreitam e todas as suas casas se resumem em apenas uma, não isolada, se ela cheia de palavras e imagens que povoam salas e quartos e sobre a mesa a fartura serve o seu banquete numa doce harmonia das horas, ainda que uma, apenas, mas sem vazio algum, talvez.
E já não há o de repente, já não há, é agora o prolongar do tempo, flexível, espaço para o relógio determinar as suas horas enquanto a avenida se alonga outra vez: os seus passeios se enfileiram um ao outro e os passos percorrem leves, quase flutuando contemplam os ininterruptos jogos de amarelinha colorindo um chão.
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