sábado, 5 de fevereiro de 2011

E se


E se não fossem aquelas as horas de quando tudo, de quando todas as palavras envoltas em coisas que nem deviam e nas que faltaram para que tudo, para que nada além, para que muito mais fossem os sentimentos e outros os caminhos que não os que depois, os que nunca, jamais o entorpecer das horas seguintes embriagadas e sustentadas apenas por um fio, um fio, um fio tão frágil que, se o vento respirar mais forte, nada mais, nada mais, apenas o fio sem o elo mesmo que qualquer o elo a sustentar a fragilidade, quase imperceptível de tão nada.
E se
E se fossem apenas uma utopia, a de que, até em segundos, as horas transitam entre o tempo real e o imaginário, e o tempo mais real que o imaginário, o que é, e no relógio os ponteiros se encontrando e pouco a pouco, distante, outra vez muito mais que apenas as palavras, mas a pausa embrutecida enquanto as interrogações se enfileiram e no rosto e nos olhos e nas pálpebras e onde mais a certeza de quando, a incerteza de quando, e se, e se, outra pausa, outra pausa, e se.
E se dentro das palavras caladas e nas outras palavras o contemplar do que não era, e do que era, e do que seria e do que não seria, e se dentro das horas a inexistência, apenas imagens opacas e todas outonais se confundindo nas estações não apenas do tempo, não apenas, se.

3 comentários:

  1. Como sempre: um texto lindo!!!
    Cláudia.

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  2. Meu amigo,

    Vc sempre me fazendo reviver vários sentimentos ao mesmo tempo...Vc realmente me faz sonhar!
    Lindas palavras!
    Saudades...
    Lua.

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