quarta-feira, 23 de março de 2011

As horas no relógio de ruído angustiante


Adormeceu diante do incontido desejo de que ao chegar à estação o trem já houvesse passado, e ninguém mais.

Ninguém mais.

Do trem, apenas o barulho do motor se distanciando e levando o tempo que já não podia ser, o tempo que nunca, nunca o tempo completo com todas as horas
cheias de plenas felicidades
aguardadas com as esperanças do que, talvez, nunca aconteceria, a não ser em minutos marcados no relógio de ruído angustiante.

Ninguém mais na estação. Mas uma dor, pungente, uma dor que era muito maior se não fosse o bálsamo, desejo esperançoso de bálsamo e as horas que precisam de silêncio para que na alma tudo tão calmo, mesmo que nunca. Jamais por completo.

Nem mais o ruído inquietante do trem. Nem mesmo.

Era a vontade imensa de que o trem nem tivesse chegado ainda, muito menos partido, parado diante da mais sublime imagem,
cheia de algumas felicidades, aguardadas,
ainda.

5 comentários:

  1. Adorei...o trem sempre chegando e partindo...a paisagem sublime, o nunca mais tão intenso e tão incerto.

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  2. Lindo, Ismahelson! "...Nunca mais outra vez."

    Vane.

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  3. Amei..."que as horas precisam de silêncio para que na alma seja tudo tão calmo por completo, tudo tão calmo, mesmo que nunca. Jamais por completo".

    Kátia Veiga

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  4. I., apreciei muito tua escrita. Tens uma nova leitora.

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  5. DKB, muito prazer ler o seu comentário. Palavras que motivam a escrita.

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