sábado, 9 de abril de 2011

e outras vezes o nada


Ficou se perguntando quem foi mesmo que havia acabado de passar por ali naquele exato momento e já não viu mais nada a não ser a imagem guardada em sua memória cheia de baús, quase nada lá dentro de alguns e em outros quase a vida inteira, quase, tantas coisas apenas quase, nada mais e o alívio encontrado em outros baús escancarados de tantas coisas reais, mesmo que, mesmo que, mesmo que

(a respiração profunda e adocicada pelo bálsamo com seu cheiro indecifrável e o enigma das horas revelado pouco a pouco e nunca, e jamais, ainda que)

o “nunca” jamais existe para sempre: tantas vezes o nunca existe para sempre, muitas e muitas coisas nunca existem para sempre, nada, nada existe para sempre, ainda que o néctar mais refinado, ainda que o amor,
não,
não recorremos ao amor agora se soa como pieguice, embora,
- embora o quê?
embora as palavras expliquem os baús guardados, cheios de coisas nunca mais usadas ou sentidas
– Nunca mais usadas ou sentidas?
e o pó, e o pano bem alvo deslizando sobre o pó, e o verniz brilhando outra vez, o verniz brilha outra vez,
Entendeu?!
o verniz brilha, pode brilhar outra vez e, assim, talvez, mostrar que já não havia mais nada no baú,
a não ser a imagem guardada, tantas coisas para sempre guardadas na memória,
para sempre, para sempre, e outras vezes o nada,
nada mais,
além de uma nostalgia revestida de bálsamo em seu cheiro entorpecido.

3 comentários:

  1. Ismar, hoje por um acaso é meu aniversário, rsrsrs. Semana que vem sei o seu.
    Esse seu texto entrou com tanta sutileza em meu coração, que só me faz chorar.
    De alegria por ter vocês em minha vida,saudades, lembranças, algumas doces outras nem tanto mas em todas vocês estiveram ao meu lado mesmo muitas vezes distantes.
    A emoção de falar com vc é única,de ler algo q me identifico tanto escrito por você, enorme também.
    Nossa Ismar, chegou meus quarenta.*** Quarenta anos, não tenho medo da idade, apenas parei hoje para refletir sobre minha vida...
    Lindo texto, maravilhosa a nossa amizade que para mim tenho voc~es em outro patamar, parte da minha família.
    Um grande abraço com muitas lágrimas...

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  2. O baú, o verniz, os sentimentos...todos guardados cuidadosamente, todos revistos, cada qual em seu lugar, dentro do baú...baú de memórias...baú de palavras...

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  3. Amigo,
    Como sempre em seus textos maravilhosos, eu me sinto revivendo momentos, sonhos, lugares...aqueles que nunca sairão da cabeça pq estarão sempre guardados no coração; talvez pq nunca entenderemos tamanha intensidade do nosso ser...
    SAUDADES...
    bju Lua

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