quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Não apenas as folhas


E quando os cantos dos pássaros interiores cessaram, ele percebeu que era hora de tudo novamente. Tudo novamente, no balançar das árvores libertando tantas folhas sem direção e outras. Tantas outras folhas com destino certo, um porto seguro, ainda que o desconhecido lugar do pouso. Não apenas as folhas. Muito menos elas, as folhas.
Não mais estranhou o que antes chamaria de qualquer coisa desordenada. Não mais respirou o angustiante receio dos acontecimentos imprevisíveis, não mais o receio das horas que se faziam vagas, secas, impávidas. Não mais.

Decidido, não repetiu expectativas de esperanças que não eram, nem se esforçou para que o instante fosse adiado se visíveis eram dentro de si mesmo o contrário de tudo. Não mais os devaneios embalados por canções repetidas, distorcidas, embalando o fingir de uma existência do que não mais havia dentro de si mesmo.

Os cantos dos pássaros cessaram e a imaginação agora era outra, por mais que inventasse ser diferente, por mais que fosse, por mais que tentasse, por mais que no teto estendido sobre a sua cama enxergasse todas aquelas coisas pintadas, tintas coloridas pingando sobre o seu rosto.