segunda-feira, 20 de agosto de 2012

A sombra materializada


Percorreram o longo caminho, deixando a montanha e a sua sombra para trás. Depois de alguns breves silêncios, divertiam-se com as poucas sombras que ainda existiam naquela hora precisa. Sombras aquelas que se tornaram criatividades para fazer significar aquele instante, não apenas o instante agora lá fora.

“Se você visse apenas a sombra, e não aquilo que a originou, como você descreveria esta sombra?” Perguntou, e repetiu a mesma pergunta, mais pausadamente, na busca de ter certeza de que as suas palavras foram entendidas.

Insinuaram um sorriso, e uma pausa surgiu do inesperado, enquanto a resposta era construída sem qualquer pretensão de lucidez.

Ele respondeu pausadamente, procurando as palavras mais simples para a resposta que não pretendia ser complexa, mas carregada de sentido sem sombra. E se surgisse alguma, que não fosse uma sombra abstrata, nem imaginária. Assim, misturou pensamentos como sempre acontecia em momentos de satisfações plenas ou pretendidas.

“Entendeu?” Perguntou logo em seguida, com o mesmo sorriso insinuados de antes, agora mais ruborizado, o sorriso contido nos cantos da boca. Os sorrisos ruborizados nos cantos das bocas, e uma nuvem imensa atravessou sobre a pequena sombra, desfazendo-a sobre a terra. Mas ela, a sombra já internalizada, materializada, já estava guardada em verbo para um dia ser memória.

Um comentário:

  1. E na memória viu tudo misturado: a sombra, a montanha, o estragngeiro, os desejos...um certo silêncio e uma bagagem cuidadosamente empilhados no canto da sala...no canto da sala, ao lado dos muitos pensamentos e da máquina de escrever que com seu barulho suave tateava o real.
    Bjs,
    N.

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