terça-feira, 25 de junho de 2013

Uma ideia para um texto



Hoje, enquanto tomava café da manhã, olhava o dia lá fora e veio a mim a ideia de escrever um texto que comece assim: “Eram duas mulheres. Uma se chamava Maria e a outra Maria também. Uma era das Graças e a outra das Dores”.

(De repente - mas de repente mesmo -, a minha memória deu um zoom no tempo, e trouxe dados ainda desordenados, deixando comigo a suposição de que esta ideia não tem nada de novo. Uma sensação de que alguém, bem conhecido, já escreveu um texto exatamente assim. Duas Marias iguais, e diferentes. Uma era assim e a outra de outro jeito.)

(Entretanto, na possibilidade de estar sendo repetitivo, pensei noutra coisa. Uma coisa comum, bem comum, mas fiquei ali pensando: tudo parece já ter sido dito. Os clássicos são repetidos neste tempo pós-moderno, ou contemporâneo. Pós-Moderno é tão pós, ainda que deixa polêmicas no ar conceitual: o tempo pós-moderno, a pós-modernidade cultural, o modernismo tardio, o pós-modernismo estético e outros pós.)

(Retornando: os clássicos se repetem e são espalhados nesta contemporaneidade onde tudo (entre aspas, talvez) se intercala e se faz novo, sem que, contudo, cada texto se desloque ou seja deslocado de seu caráter, único, transponível tantas vezes em referências tão sutis, mas que exige sabedoria tanto do autor quanto do seu leitor.)

Sinceramente, ainda não parei para pensar na existência de Maria das dores e Maria das graças num mesmo texto, e nem onde vi, se realmente vi, e quem escreveu. Mas, se de fato elas assim existem – acredito que sim -, não sei se a das graças era a que sofria as dores e a das graças era a que recebia mais misericórdias.

Na verdade, ao pensar nas duas Marias, eu pensei mesmo foi neste antagonismo que até rima com pós-modernismo. Uma rimazinha fraquinha, ismo com ismo, mas, haja Maria para discutir estes dois termos! Agora, ao dizer Maria, digo também João. Mas, voltando ao começo do texto:

“Hoje, enquanto tomava café da manhã, olhava o dia lá fora, e veio a mim a ideia de escrever um texto que começaria assim:”.