segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

As palavras se vão


E depois as palavras desapareceram novamente. Elas desapareceram, depois de algumas ou tantas ao mesmo tempo, juntas. Harmoniosas ou não, juntas: elas saltitantes, arrumadas em fileiras, espalhadas na folha do caderno, ordenadas no livro aberto sobre a mesa e dentro de outros fechados na estante; as palavras na tela do computador e no outdoor da grande avenida; elas delirantes, sóbrias, compulsivas, e elas no silêncio: as palavras rodopiando na memória.

Elas sumiram. As palavras. Depois de (re)encontradas dentro do jarro de cristal, dentro da gaveta, no vaso de lixo, debaixo do chuveiro, em cima da estante, em cima do amontoado de livros, no meio da bagunça, no meio da prosa, colado no álbum de fotografia. Que ninguém se iluda. As palavras desaparecem. Elas somem em algum lugar que podemos chamar de névoa, labirinto, tantos nomes, tantos lugares, elas se fragmentam e depois somem.

As palavras se vão. Elas partem, vão e partem, e novamente a inquietude de buscá-las. Elas desaparecidas nas gavetas da memória e nas outras, no meio ou num canto da página, em vasos, nem todos de cristal. Elas em qualquer que seja o lugar e o prazer do encontro. Reencontro. As palavras desaparecidas estão detrás de qualquer espaço que pode ser chamado de névoa, labirinto, intuição, qualquer nome que seja lugar.

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