quinta-feira, 16 de outubro de 2014

que não havia sido nada a não ser o número do telefone

Perdeu o número do telefone no meio dos papéis, anotações, rabiscos de narrativas
ou mesmo um poema depois de tudo
perdeu o número do telefone
e os olhos azuis brilhando
em sua memória o olhar bem azul
e os seus olhos em busca do número do telefone
misturado a tantos papéis sobre o armário, empilhados os papéis
desordenadamente
em meio ao desejo,
o desejo de algum telefonema assim que retornasse
daquela viagem.

Nem acreditou direito!
Nem acreditou e nem assimilou direito quando, quase no mesmo lugar, os olhos azuis reluzindo
repentinamente,
surgindo de lá,
na contramão do passeio público.

Quem, quem na contramão do passeio público? E os olhares apreensivos, mais inexplicáveis que da primeira vez, e o azul brilhando muito mais que antes, o brilho azul penetrando dentro
dos olhos negros
e o silêncio,
e o desejo de explicação, e o desejo,
o desejo de explicar que não havia sido nada a não ser o número do telefone, perdido
no meio de tantas anotações que nem eram poema,
não eram,
ainda.

Um comentário:

  1. Entre o desejo e o azul...que delícia de texto! O desejo azul...
    Bjs e saudade,
    Cláudia.

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