segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Mais um percurso pela velha agenda II

Depois que O Silêncio e a bagagem saiu das minhas mãos e do meu poder, um certo poder, digamos assim, os meses começaram a deixar em mim a velha vontade de escrever novos contos, inventar novas imagens, circular alguns trechos de histórias que ouço, frases que ficam, ideias que invadem o pensamento, e, a partir dai, juntar tudo isso, parte disso, e escrever novos contos, tentar escrever contos, exercitar escrever contos. Semana passada, ou poucos dias antes da semana passada, consegui escrever o primeiro, e ontem escrevi o sexto. Já é um bom retorno, pois o compromisso com a leitura e a produção de texto específico para a minha pesquisa precisa permanecer como prioridade no presente instante.Ainda a respeito dos contos, tenho uma meta específica para eles. Entretanto, a produção pode ser uma velha caixa de surpresas. Páginas vazias. Páginas e páginas que podem resultar em apenas uma, ou duas, três… a depender da quantidade de páginas. Afinal, quantidade não garante a qualidade de texto, e muitas páginas podem até ser nada, quase nada, alguma coisa pronta, apenas.

***

A velha agenda. Tantos livros anotados! Alguns, já estão comigo. Outros, não, ou ainda não, e, possivelmente, alguns permanecerão apenas anotados. São tantos os livros, e uma seleção é demais importante, para que não passe de mais um livro na estante. Aquele livro anos e anos guardado exatamente na estante, dentro de alguma caixa, tumultuado em prateleiras, livros que nunca foram abertos, e muito menos lidos. Mas estão ali, adquiridos num dia de entusiasmo, presente de aniversário. Não digo da leitura imediata, mas digo de uma real perspectiva de leitura, um dia, um tempo, mas um dia e um tempo que chegue. Entretanto, há os livros destinados a alguma leitura específica, um dia específico, um momento específico. Livros que por uma informação adquirida, ainda que aparentemente breve informação, um dia, uma hora, uma frase apenas, já valeu a sua presença, e muito. O valor dos dados obtidos e o da emoção adquirida faz com que tal valor seja inestimável.

Não sei o motivo de ter estendido esse discurso a respeito de algumas situações dos livros, mas terminei fazendo uma reflexão em meu comportamento com eles, as minhas estantes, as minhas caixas espalhadas pelas mudanças, os diversos que estão aqui diante de mim, quase todos de autoria de A. Lobo Antunes e de autores que escrevem sobre ele e sobre a sua obra. Ao meu redor, também, livros de teorias que me ajudam a compreender a obra do grande Antunes. Filosofia, psicanálise, teoria e crítica literária. E os livros anotados na agenda?

Na agenda, entre outros que preciso e outros já adquiridos: A Sociedade do Espetáculo, de Debord Guy: “o espetáculo, uma parte do mundo representa-se perante o mundo, e é-lhe superior. O espetáculo não é mais do que a linguagem comum desta separação.” Preciso, na verdade, de uma leitura mais específica, mais direcionada, a respeito dos seus conceitos sobre o espetáculo, a representação, a imagem. Uma leitura parcial, admito. Outro: O Pacto Autobiográfico, Phillipe Lejeune, a autobiografia enquanto pacto entre leitor e autor.

Aproveito e risco alguns livros anotados e já adquiridos tempos atrás, afinal é velha a agenda! HUSSERL, Edmundo; YATES, Frances; LE GOFF, Jacques; SEIXO, Maria Alzira, impecável estudiosa da obra de Lobo Antunes. Quanto ao Dicionário da obra de António Lobo Antunes, nem deu tempo anotar.

Ouço Sanctus, Messe Solennelle, de Gounod. Fico por aqui. E continua…

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