domingo, 30 de dezembro de 2012

A ponte, apesar do rio


Estive pensando a respeito do que foi dito ontem na beira do rio. Novamente, o rio. O rio correndo calmo entre as margens das cidades com semelhanças e oposições, assim como podem ser as pessoas, uma coisa e outra ao mesmo tempo, e uma das coisas predomina e define aquilo que seria unidade. Por terem semelhanças, podem ser entrelaçadas numa espécie de gozo que se prolonga e se abranda em alguma superfície sobre ondas calmas; e por serem opostas a unidade se desfaz em camadas sobre uma rocha sem forma determinada.

- Mas, e a ponte? A ponte entre as duas cidades e pessoas?

Não vê que a ponte surge impetuosa e simples para interligar o que resiste ao tempo, exatamente pelas suas distâncias? Não vê que a ponte surge imponente e simples sobre o rio e assim constrói uma unicidade? Não vê que este momento foi devido à ponte, apesar do rio?

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Minutos e segundos se espremendo


Na manhã seguinte percebera que as horas do dia anterior não existiram,
e começou a admitir que nada havia sido:
os presentes embrulhados em papéis elegantes já não estavam espalhados sobre os móveis,
e do intenso prazer que ontem nem palavras existiam para defini-lo havia restado apenas os rastros.

Foi então rever o tempo.

Minutos e segundos passeando pelas salas e corredores,
tic-tac tic-tac
Extrapolavam-se. Vorazes.
Minutos e segundos se espremendo dentro das horas,
muito mais do que elas conseguiam suportar.
Minutos e segundos extrapolavam-se,
inquietantes,
dentro das horas que nem existiram.

sábado, 15 de dezembro de 2012

Palavra é trigo



Palavras vãs
Palavras vão
Palavras (in)sã(nas)

Palavra (des)faz
(des)ama
(des)dita

Palavra (ben)dita
Palavra é trigo
Bendito é o pão.