terça-feira, 2 de setembro de 2014

Quase pluma, e jorrando


Ontem ela saboreou uma garrafa de vinho quando a sua pretensão era apenas uma taça, a pretensão de ser apenas uma quando desconfiava que a taça seguinte estava a um gole de proximidade de seu desejo. Dois goles, todos os goles da taça saboreados enquanto a vida se fazia pluma.

A vida era quase pluma quando, levemente ruborizada, ela desejou que a pluma flutuasse ao leve vento da noite. E então viu jorrar sobre a taça o vinho que lhe dava gozo inexplicável no corpo e dentro de algum lugar que ela não conseguia expressar qual era. Gole após gole a pluma voava e ela também flutuava com as asas que cresciam sem pressa alguma.

O voo leve. Ela queria um voo leve enquanto contemplava a pluma leve voando ao seu redor, ela reservando o impulso para a taça seguinte. Quase uma hora depois, a taça seguinte. E a vida que era pluma bailava diante do seu olhar, até que o instante presente era um novo gole escorregando dentro dela, e o gozo.

A vida era quase pluma quando ela segurou a terceira taça de cristal servida, novamente o prazer jorrando dentro dela.