Era impossível enxergar o que havia do outro lado. Tudo o que se via era uma névoa profunda semelhante a uma nuvem cheia de imagens que se desfazem e ressurgem em outras. (Você já viu nas nuvens imagens que se assemelham a rostos de pessoas? Você já viu nas paredes ou no chão imagens que se assemelham a rostos de pessoas, a imagens de animais, a qualquer coisa que parece ser mas que não é nem mesmo uma cópia do real?) Imagens bem efêmeras e que se desfazem por elas mesmas ou por algum vacilo do nosso olhar.
Tudo o que se enxergava eram imagens disformes naquela névoa cheia de movimentos turvos, imagens transfiguradoras. Mas ninguém conseguia enxergar o que havia detrás da névoa. A névoa, apesar de não ser matéria concreta, se impunha absoluta como infinita muralha do espaço e do tempo.
Do outro lado, havia o invisível. Tudo o que lá estava era invisível e inenarrável. Tudo o que se tinha de lá era o que o imaginário de cada um conseguia formar, visualizar, compor. Até que, pouco a pouco, a névoa foi se desfazendo. Pouco a pouco, a névoa se desfazendo. Pouco a pouco.
Adorei, Ismar!
ResponderExcluirQue belo texto e em conjunto com a imagem...Beto vai amar!
Parabéns! Vou utilizar em sala com os alunos.
abços
Ada
Me levou a imaginar enquanto lia o texto! Zu
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