domingo, 29 de novembro de 2009

Uma reflexão sobre o conto

Diversos podem ser os conceitos sobre o conto, assim como diversas são as buscas para se definir o que realmente é um conto. De maneiras bem objetivas, e, da mesma forma, de maneiras bem subjetivas, definições a respeito desta narrativa vêm sendo elaboradas, assim como sugestões de possíveis etapas para a sua elaboração. Apesar de poder parecer meio contra-senso falar sobre etapas para elaboração do conto, uma vez que se trata de uma produção de construções que propiciam liberdades de escrita, estilo pessoal e ficção, consideremos, também, que se trata de um gênero específico, e que deve ser produzido respeitando os limites da sua liberdade. Entretanto, nomear tal produção é também responsabilidade do autor, diante da coerência da sua visão com relação ao produto final da sua escrita, e estabelecida a partir de limites lógicos que configuram as suas propostas determinantes enquanto gênero.

Falar em conto é, ao mesmo tempo, falar em escrita, colher palavras e juntá-las em seus possíveis lugares. Falar e pensar em conto é, antes de tudo, perceber e descobrir imagens, visualizar situações, viver e sentir o prazer de elaborar frases, construir instantes únicos das mais diversas situações do cotidiano. A produção de conto conta com uma história, que pode ser, a depender do construtor, até mesmo, aquela que parecia-lhe tão banal. Depois, só depois, é que seja, talvez, o momento exato da maior preocupação com as regras estabelecidas pelos conceitos, métodos, normas e etapas que nem sempre podem ser consideradas como definitivas, permanentes, imutáveis.

In: Lutar com palavras: leitura, escrita e gêneros textuais. Uma reflexão sobre os bastidores do conto. Salvador: UNIJORGE, 2006.

Nenhum comentário:

Postar um comentário