"[...] a mala se esvaziando, a mala se esvaziando, veementemente se esvaziando, sem nem mesmo alguma peça de roupa ter sido, pelo menos, dobrada e guardada dentro dela. A mala ainda vazia, completamente vazia, e já se esvaziando, se esvaziando, o fundo, o fundo da mala tão escuro de tamanha profundidade, e totalmente escancarado para o nada. Nada ali dentro da mala que seria tão pequena para o tanto a ser transportado, e o denso cheiro de vazio dentro da sua imensidão."
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
Efêmero ou eternizado...
Ficou ali sentado no mesmo banco de um tempo atrás, quando o jardim ainda espalhava imagens dos últimos dias de inverno. O cheiro de perfume era o mesmo, o que acentuou ainda mais o abraço marcado nas recordações daquele final de tarde, quase todos os bancos expostos como palcos das representações de cada encontro feliz, e nem sempre a felicidade, nada é apenas felicidade, e nada é apenas a melancolia de outras horas, filosofava, em seu fluxo de consciência de cada dia. Contente. Um contentamento que se revelava diante de cada passo que se aproximava, e a mente alimentava o desejo, e o desejo alimentava o imaginário que tudo concretizava, mesmo antes, mesmo depois, mesmo que nunca mais. Não era o amanhã o que mais importava, mas o instante presente, a certeza da existência do desejo possível, e do prazer que nem sempre se repete como antes, evapora-se tantas vezes, mas, muito mais era a certeza do prazer que parece ser eternizado. Ficou ali sentado, contemplando o acenar da mão que de longe anunciava o desejo, efêmero ou eternizado. Olhou novamente ao redor, os bancos, novamente as imagens dos últimos dias de inverno, que ontem, ainda ontem, acabou.
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Que bonito, Ismahelson...muito bonito!
ResponderExcluirVaninha.