sábado, 9 de março de 2013

A Névoa Imponente III



Todos permaneceram com o olhar diante da imensa cortina, confeccionada com milhares e milhares de metros de tecidos. Ao fundo, um tecido mais pesado, cor de trigo seco no campo, e na frente um tecido leve, ornamentado com todos os candelabros, transportados do imenso tapete metamorfoseado. A cortina de tecido fino flutuava, sobrevoando ao menor sinal do vento. Esses instantes revelavam ainda mais os candelabros, todos idênticos, balançando em cada sopro do vento, por mais leve que fosse. Os candelabros flutuavam até o alto, e retornavam no acalmar do vento.

Toda a multidão havia novamente silenciado pelo impacto do acontecimento jamais presenciado. Cada um se sustentava em suas próprias conclusões: algumas semelhantes, outras adversas, alguns sem qualquer habilidade para dar significado, e outros extremamente atormentados ou extasiados.

Em poucos segundos, um a um retomou a indagação inicial: o outro lado, o detrás, o que estaria do outro lado. O que? O que será que existe do outro lado? A montanha? O rio? Ainda haveria a montanha? E o rio, ainda existiria? Poucos, bem poucos, acreditavam que sim, mas a cor do tempo parecia insinuar que não. A grande expectativa agora era a de que a cortina se abrisse diante de todos, embora nem todos quisessem ver. Receio, muito receio, enquanto outros se revelavam em entusiasmo, ávidos.

De repente, um som de murmúrios encheu todo o lugar. Cada um ouvia apenas o próprio balbuciar, que, ao se reunirem, causou um efeito sonoro de trovão abafado a milhões, bilhões, trilhões de quilômetros de distância. Naquele momento, uma nova névoa surgiu do nada, do nada, absolutamente nada que sinalizasse algum surgimento das coisas, e cobriu toda a cortina. Lentamente, diante do olhar extasiado de muitos e do olhar assustado de outros, a névoa novamente desapareceu. E assim, já não havia cortina. Absolutamente. Não havia cortina, mas todos os candelabros que dela se desprenderam. Todos. Na sequência daquele instante breve, um a um dos candelabros se colocou, exatamente, detrás do primeiro de todos, e se tornaram em um, apenas um.

Um imenso candelabro de seis hastes, três de cada lado. Reluzente, tão reluzente que nenhum olhar conseguia enxergar o que havia do outro lado. Tudo o que havia ou não havia do outro lado era apenas no campo da imaginação. Uns imaginavam uma coisa, e outros imaginavam outras. Alguns, vislumbravam imagens bem semelhantes e quase perfeitas; e outros, tudo o que viam era imagens diferenciadas, todas turvas e desconexas. Alguns, acreditavam ainda haver a montanha e o rio; outros, a montanha ou o rio; e outros, nem a montanha e nem o rio.

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