Acabei de escrever o Capítulo 8, talvez o mais rápido de todos, mantendo a mesma média de páginas. Estava em Esmoriz, onde escrevi a sua metade entre uma pausa e outra, atento ao desfecho, diálogo excluído e outro substituindo, a sensação de reta final e a de um cuidado maior, uma atenção maior, o receio de que lacunas tenham ficado pelo meio do caminho, enfim, são, na verdade, as mesmas sensações sentidas desde o começo.
Senti muito prazer na escrita deste capítulo, cada capítulo com um prazer que pode ser diferente do outro, cada um com as angustias que podem ser diferentes do outro, cada um com a sua leveza, e cada um com as suas tensões. Tudo se repete em cada capítulo, embora as sensações possam ser diferentes, e parecem muito mais diferentes do que são.
É tudo muito intuitivo. O enredo vai surgindo, percorrendo em cada página como se deslizando por todas elas sem muito tempo para pensar. Palavra por palavra pulando para o papel, o papel que é também tela, a tela que é também papel, de uma forma ou de outra, é assim. As palavras jorrando, as frases jorrando, as imagens jorrando, a escrita, a criação. São sensações assim, repetidas, e repetidas neste novo capítulo, tudo como se houvesse uma nova sensação, diferente das demais. E há. E não há. Tudo é uma repetição de sentimentos, e tudo se faz novo se a repetição nunca é idêntica.
Um calor imenso em Lisboa, portas e janelas abertas, não todas, o suficiente, e um ritmo na escrita que muito me agradou, principalmente na segunda-feira, e ontem, terça-feira. Pensei conclui-lo lá pela sexta-feira, mas já aconteceu. Farei agora uma primeira revisão, uma revisitação, algumas mudanças possíveis, exclusões se necessário, e, da mesma maneira, acréscimos. Tudo, o mesmo processo.
Ao concluir cada capítulo, ou cada conto, ou cada texto, fica esta curiosidade e receio de conhecer o texto numa primeira leitura. A expectativa, a tensão de não ter feito uma produção realmente prazerosa em sua leitura, em seus efeitos diversos, as exigências que nós mesmo criamos, e que precisamos ter. Enfim, hora da revisão, amanhã, ou depois de amanhã. As horas dirão, quando o instante de ser determinar, o cuidado com os adiamentos, o mesmo com as precipitações.
E no mais, o capítulo 9 deverá ser o penúltimo do romance. Ou o último. Mais uma expectativa, e comigo a curiosidade de saber, exatamente, o final. Não sei ainda, não sei, não por completo, se nada foi esquematizado de maneira irreversível. Preferi assim, deixar o texto fluir, os personagens surgirem em seus instantes. Preferi assim, sem nada previamente definido, definitivo, embora sempre obedecendo uma ideia central, um ponto de apoio que não deveria nem ir muito pra cá e nem muito pra lá, mas percorrer a narrativa dentro de uma determinada margem, ampla, flexível, bem flexível, mas uma margem. E uma margem é uma margem.
Lisboa, 2:10 da manhã.
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