"[...] a mala se esvaziando, a mala se esvaziando, veementemente se esvaziando, sem nem mesmo alguma peça de roupa ter sido, pelo menos, dobrada e guardada dentro dela. A mala ainda vazia, completamente vazia, e já se esvaziando, se esvaziando, o fundo, o fundo da mala tão escuro de tamanha profundidade, e totalmente escancarado para o nada. Nada ali dentro da mala que seria tão pequena para o tanto a ser transportado, e o denso cheiro de vazio dentro da sua imensidão."
segunda-feira, 27 de agosto de 2012
A noite ilumina o caminho até a montanha?
“Para que luzes acesas quando a noite ilumina o caminho?”
(A noite ilumina o caminho, mas não até a montanha, pensou, sem nada dizer, e indagou: "A noite ilumina o caminho até a montanha?")
Desconfortável com o silêncio, respondeu o que havia apenas pensado, quando conversavam lá fora e novamente divagavam a respeito da montanha avistada ao longe. Embora a noite avançada e silenciosa (muito mais se não fossem as vozes e os ruídos vislumbrados na estrada), decidiram ir até a montanha, enxergar o que era apenas imaginado, se nunca mais ninguém havia alcançado o cume e o longo caminho agora coberto pela relva.
A noite brilhava surpreendente, e muito mais brilhava pelo entusiasmo de cada um. A sombra detrás da montanha, e, quando sombra nenhuma, havia um lago. E se não fosse um lago, era a doce aventura de trazer de lá muito mais que indagações.
E assim, pouco a pouco a noite avançava, não apenas em diálogos sobre a montanha, não apenas o invisível das coisas. Sabiam, sem qualquer pretensão de criar atalhos, sabiam que a noite avançaria sem que algum passo fosse dado em direção à montanha, não naquele instante. E, enquanto a luz da noite anunciava o seu repousar, as palavras cantarolavam não apenas aventuras:
“Amanhã, iremos à montanha! Não é tão longe assim... Não é tão no alto assim... E se for, só quando lá estivermos é que saberemos. Não será tempo perdido, mas seria.”
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