"[...] a mala se esvaziando, a mala se esvaziando, veementemente se esvaziando, sem nem mesmo alguma peça de roupa ter sido, pelo menos, dobrada e guardada dentro dela. A mala ainda vazia, completamente vazia, e já se esvaziando, se esvaziando, o fundo, o fundo da mala tão escuro de tamanha profundidade, e totalmente escancarado para o nada. Nada ali dentro da mala que seria tão pequena para o tanto a ser transportado, e o denso cheiro de vazio dentro da sua imensidão."
sábado, 1 de setembro de 2012
No fim da avenida era o cheiro
Desceu a avenida inteira na certeza de que
Na certeza
A avenida inteira.
E nas esquinas os semáforos desaceleravam o tempo
enquanto a oscilante certeza inventava que o fim da avenida
era sem mais semáforo algum:
Era o perfume.
Tudo ao redor era o cheiro do perfume tocando antecipadamente a alma
e no fim da avenida era o cheiro eternizando um tempo.
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