"[...] a mala se esvaziando, a mala se esvaziando, veementemente se esvaziando, sem nem mesmo alguma peça de roupa ter sido, pelo menos, dobrada e guardada dentro dela. A mala ainda vazia, completamente vazia, e já se esvaziando, se esvaziando, o fundo, o fundo da mala tão escuro de tamanha profundidade, e totalmente escancarado para o nada. Nada ali dentro da mala que seria tão pequena para o tanto a ser transportado, e o denso cheiro de vazio dentro da sua imensidão."
terça-feira, 30 de abril de 2013
Espelhos
Com a bagagem em suas mãos, ele fechou a porta da casa e foi em direção ao carro, decidido a não olhar para trás. Não queria desistir de ir embora e nunca mais retornar.
Ao abrir o bagageiro, deparou-se com a antiga mala herdada da mãe: a bagagem preparada na semana anterior, quando ele partiria sem olhar para trás, para não se ver abandonando a casa vazia. Entretanto, olhou pelo retrovisor e viu aquela imagem que lá ficaria. Não resistiu.
Na semana seguinte, ele desistiu de bagagem. E na estrada lamentou o jardim de cores que se perdem com o tempo.
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